Carta às Mulheres

12:50




  Do útero viemos e ao contrário do que muitos dizem não somos o sexo frágil. Nascemos com uma garra inimaginável e uma força maior ainda. Nada pode tirar o nosso poder sobre nós. Nada? Eu queria que a resposta fosse “sim, nada!”. Mas infelizmente não é. 

  Nosso poder foi tirado muitos anos atrás naquele incêndio que matou queimadas muitas de nossas irmãs e hoje é lembrado com muita tristeza.

  Nosso poder é tirado todos os dias, quando mulheres são estupradas por usar roupas curtas, porque estavam pedindo ou porque beberam demais. 

  Nosso poder é tirado quando deixamos de sair na rua em certos horários porque tememos pela nossa segurança.

  Nosso poder é tirado quando somos mortas por estar viajando “sozinhas” com uma amiga.

  Nossa poder é tirado quando recebemos menos para realizar o mesmo trabalho.

  Nosso poder é tirado quando toda responsabilidade sobre nossos filhos recai sobre nós.

  Nosso poder é tirado quando nos impõe padrões de beleza, castrando nossas possibilidades de sermos felizes com nossos corpos. 

  Nosso poder é tirado quando temos que atravessar a rua para evitar o assédio de homens.

  Nosso poder é tirado quando nos dizem que mulheres não podem ser amigas de verdade.

  Nosso poder é tirado quando nos ensinam que existem certas coisas que só podem ser feitas por homens, limitando nossa capacidade em “coisas de mulher”.

  Nosso poder é tirado quando sofremos assédio dentro da empresa.

  Nosso poder é tirado quando somos mortas por nossos companheiros por motivos fúteis.

  Nosso poder é tirado quando somos expostas como mercadorias para servir de atração para homens.

  Nosso poder é tirado quando somos punidas por abortar.

  Nosso poder é tirado quando somos julgadas por sermos mães solteiras.

  Nosso poder é tirado quando nossa roupa serve como desculpa para qualquer tipo de abuso.

  Nosso poder é tirado quando decidimos não ter filhos.

  Nosso poder é tirado quando somos chamadas de putas por escolher com quem transar.

  Nosso poder é tirado quando somos separadas em “moças de família” e “só pra pegar”.

  O dia Internacional da Mulher não é um dia de flores, chocolates e presentes. É um dia de luta, tristeza e dor. Hoje, lembramos de todas as lutas que vencemos com afinco, mas principalmente daquelas que ainda temos para vencer. Esse dia só existe para que ninguém esqueça o que as mulheres sofreram e como ainda sofrem. Não é uma data comemorativa. É um lembrete. Um lembrete de como continuamos apanhando diariamente com as desigualdades e opressões. De que ainda não somos respeitadas como deveríamos ser. Por isso, não nos dê flores no dia das mulheres, nos dê respeito e equidade todos os dias.   


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